Como vimos no vídeo, a experiência juvenil não se apresenta da mesma forma para todos. O fato de nascer em uma mesma época e contexto não faz com que todos os jovens tenham os mesmos valores e atitudes. A experiência juvenil muda de acordo com a classe social, a etnia, o gênero e o lugar de nascimento. É por isso que alguns autores têm optado por utilizar o termo condição juvenil (Abramo, 2005; Dayrell, 2007). O uso dessa categoria representa um esforço para apreender a diversidade presente nas juventudes.
“Do latim, conditio refere-se à maneira de ser, à situação de alguém perante a vida, perante a sociedade. Mas, também, se refere às circunstâncias necessárias para que se verifique essa maneira ou tal situação. Assim existe uma dupla dimensão presente quando falamos em condição juvenil. Refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo da vida, no contexto de uma dimensão histórico-geracional, mas também à sua situação, ou seja, o modo como tal condição é vivida a partir dos diversos recortes referidos às diferenças sociais – classe, gênero, etnia etc. Na análise, permite-se levar em conta tanto a dimensão simbólica quanto os aspectos fáticos, materiais, históricos e políticos, nos quais a produção social da juventude se desenvolve”. (Dayrell: 2007, p. 1108)
Resumindo, podemos dizer que a juventude é uma fase da vida marcada por transformações de diversas ordens. Para os sujeitos que vivem essas experiências, os jovens, isso se manifesta primeiramente nas transformações no corpo, no comportamento, nas relações sociais etc. Nessa fase, os jovens passam a ampliar seu campo de ação para além de algumas instituições, especialmente a família. Passa-se a experimentar uma maior autonomia em relação a algumas escolhas. Aumenta-se o desejo de independência, muitas vezes na forma de uma aspiração a trabalhar.
Hoje, diante das mudanças que nossas sociedades vivem, a vida dos jovens parece repleta de novas possibilidades e desafios. A juventude atual convive desde a infância com as novas tecnologias e mídias digitais. Ela cresceu em uma sociedade repleta de imagens e sons, onde as informações circulam em tempo real. Para os jovens atuais, o uso do celular e a interação em redes sociais é algo corriqueiro.
Outra transformação muito importante refere-se às famílias. Vive-se uma época em que as configurações familiares se alteraram e se diversificaram muito. Já não há um padrão único de família. Além disso, as relações entre pais e filhos se dão em novos termos. São relações mais horizontais, em que a autoridade é negociada e dialogada com mais frequência.
A relação dos jovens com o mundo do trabalho também se reconfigurou muito. Nas sociedades contemporâneas, as transformações por que passa o mercado de trabalho afetam as experiências juvenis nesse campo. Há uma maior precariedade na inserção profissional e uma maior exigência quanto à qualificação profissional, o que traz incertezas maiores. Tornou-se mais difícil projetar a trajetória profissional a partir da ideia de um emprego para o resto da vida.
Outro aspecto a considerar são as novas e múltiplas formas de expressão cultural e de associativismos juvenis que marcam as experiências de ser jovem nas sociedades contemporâneas. Os jovens sentem e vivem essa fase da vida como um processo de construção de novas identidades. A forma de vestir, de falar, de se agrupar, de consumir etc. são maneiras de afirmar espaços e identidades próprias, muitas vezes, carregadas de mensagens sociais. Nesses percursos, eles experimentam muitas coisas novas, transitam por diferentes grupos e reelaboram constantemente suas posturas e visões de mundo, produzindo práticas e significados que compõem o mosaico das culturas juvenis.
Por outro lado, como estão abertos para novas experiências, esses processos nem sempre são vividos de uma forma tranquila, sem angústias, dúvidas e incertezas. Nesse período, é comum se sentir inseguro em relação a vários aspectos, desde às decisões quanto ao futuro, como aos aspectos mais simples. Nessa fase, os amigos são uma grande referência e muitas decisões são tomadas a partir de laços de confiança e reconhecimento construídos nos grupos. Assim, os grupos de pares e os espaços de sociabilidade onde se encontram adquirem uma importância central nas suas experiências.
Vários desses aspectos serão tratados nos módulos 4 e 5 do nosso curso. Em cada um desses módulos, você poderá escolher um desses aspectos para aprofundar suas reflexões. Inicialmente, é importante considerar que todas essas dimensões se cruzam na vida das juventudes contemporâneas a partir das quais os jovens aprendem e compartilham saberes e conhecimentos. Para além da escola, eles vivenciam processos educativos em outros tempos e espaços. São sujeitos socioculturais que trazem para a escola as questões e demandas de suas vidas cotidianas.