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Juventude: uma construção histórica e social

Historicamente, a juventude reconhecida como uma condição social nem sempre existiu. Podemos dizer que, nas sociedades ocidentais modernas, a juventude ganha visibilidade como grupo social com a expansão da industrialização e o processo de urbanização das sociedades capitalistas, a partir do final do século XIX, especialmente no pós-guerra, com a massificação da educação e do consumo. Antes restrita aos filhos das elites econômicas e políticas, a juventude aos poucos se estende para outros setores sociais. Assim, a noção de juventude depende muito do contexto histórico e social de cada época e lugar (Abramo, 1996).

As relações da sociedade e de suas instituições sociais com os jovens são marcadas por diferentes representações sociais sobre o mundo e as culturas juvenis. Às vezes, se combinam visões negativas (crise, rebeldia, ruptura, risco social) e positivas (criatividade, renovação, mudança), quase sempre a partir de imagens genéricas sobre a juventude. Uma imagem muito comum é aquela que define a juventude como uma fase de transição. Essa é uma fase da vida em que os sujeitos estão em processo de formação para a vida social, em que há um forte componente de experimentação. Mas, às vezes, isso serve de desculpa para negar o direito a ter suas próprias opiniões e fazer suas escolhas. Muitas vezes, a juventude é encarada como um “vir a ser” e o reconhecimento de suas demandas, necessidades e direitos ficam sempre adiados. Por conta disso, muitos adultos e instituições querem falar em nome dos jovens e acabam impedindo ou criando dificuldades para que eles aprendam a partir do exercício de fazer suas próprias escolhas.

É comum encontrarmos imagens sobre a juventude que a representam como um momento passageiro na sucessão dos ciclos da vida humana em que a fase adulta aparece como o melhor desses momentos (o ápice). Veja, por exemplo, a imagem abaixo, intitulada “As idades do homem”. Ela é uma ilustração em pirâmide das fases da vida humana. Podemos notar que prepondera a figura masculina e adulta: as mulheres são representadas sempre em relação aos homens e a adolescência não aparece demarcada com clareza; é como se não existisse. No ápice da vida, está o homem adulto, o que permite perceber um tipo de sociedade em que jovens, crianças e mulheres são “invisibilizados”.

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Título Original: A Idade do Homem / País de Origem: França / Tipo: Cena representada / Local: Museu Nacional de Artes e Tradições Populares (domínio público).

Como são os jovens hoje?

Mas, se em outras épocas a juventude não era reconhecida como grupo social, atualmente todo mundo parece querer ser jovem. Alguns autores dizem que, nas sociedades contemporâneas, o jovem tornou-se um “modelo cultural” (Peralva, 1997).  Hoje nossa sociedade valoriza cada vez mais o tempo presente. As pessoas não orientam seu comportamento e suas escolhas tanto em função da tradição ou de um projeto futuro de longo prazo, mas pelo que elas oferecem no presente. Neste mundo, o presente tem grande força e a juventude tem um lugar especial, pelo menos do ponto de vista dos ícones culturais, estéticos e midiáticos. Todos querem se vestir, se comportar e ter um corpo juvenil.

 
 

O vídeo abaixo faz parte de uma série de quatro episódios intitulados “Adolescentes”, apresentada por Regina Casé e produzidos pela Pindorama Filmes em parceria com o Canal Futura e a TV Globo. Assista ao trecho do primeiro episódio, chamado “A Invenção”. Ao assistir o vídeo procure pensar: Você concorda com as questões abordadas no vídeo sobre a juventude contemporânea? Como são os jovens alunos da sua escola? Eles se parecem com esses jovens do vídeo? Em quais aspectos? Em que eles são diferentes?

Para assistir ao vídeo clique AQUI.