A violência é algo mais sério e deve ser pensada com mais cuidado.
Seguindo a definição de Bernard Charlot, o conceito de violência “deve ser reservado ao que ataca a lei com uso da força ou ameaça usá-la: lesões, extorsão, tráfico de droga na escola, insultos graves”, e, infelizmente, ela se encontra cada vez mais presente em nossas escolas. Mas o que deve ser encarado de frente é que a violência pode surgir por diferentes razões e combatê-la exige a soma de diferentes esforços.
Parte da violência pode ser tratada dentro da escola, como as expressões de relações conflituosas geradas pelas interações de alunos, professores e funcionários. Mas parte dos fenômenos de violência deve ser tratada por diferentes agentes e instituições que poderão conjugar ações de caráter repressivo, de efeito mais imediato, com ações mais educativas, de efeitos mais duradouros, por seu caráter formativo e de mobilização social.
A sociedade brasileira vem, nos últimos anos, criando uma rede de proteção da criança e do adolescente que busca afastar jovens com trajetória de risco pessoal ou social de agentes que atentam contra sua dignidade através da (re)inserção dos mesmos em contextos educativos. A escola é uma dessas instituições e participa dessa rede.
Sabemos que essa rede só se fortalecerá quando nós nos sentirmos parte dela e, assim, colaborarmos para a sua efetiva concretização. Cabe à escola buscar parceiros nessa luta, para melhor perceber como as suas dimensões podem estar reproduzindo sentimentos de menor valia na comunidade escolar e que a deixa vulnerável à violência. Algumas formas de violência presentes não cessarão de acontecer em seu entorno apenas por uma intervenção da escola, mas é possível minimizar ações em que a escola seja alvo da violência e garantir que ela saiba melhor enfrentá-la caso se deem tais episódios como, por exemplo, quando o tráfico de drogas aproxima-se do espaço escolar e de seus alunos.
É necessário, portanto, que a escola reveja os seus critérios de justiça quando trata qualquer ato que contrarie as regras de convivência, sejam elas ações indisciplinares, de incivilidade ou de violência.