O Movimento Integralista
O Integralismo foi um dos mais significativos movimentos de massa ocorrido no Brasil na década de 1930. Com uma matriz ideológica divergente do que propunha o movimento anarquista, o movimento integralista, lançado em 1932 por Plínio Salgado, com o “Manifesto de Outubro”, oferecia ao povo brasileiro propostas de renovação nacional e o início de uma intensa pregação nacionalista, patriótica e cristã. Que propostas de educação esse movimento defendia para a sociedade? Em que se diferenciava da concepção dos anarquistas? qual a relação dessas propostas com a Educação Integral?
O movimento integralista defendia o que chamavam de uma Educação Integral, com base em princípios como a espiritualidade, o nacionalismo cívico e a disciplina. Sinalizava para uma política conservadora, tanto social quando educacional. Como nos afirma Coelho (Disponível em INTEGRALISMO, ANOS 30: UMA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INTEGRAL acessado em 10 de abril de 2010), para os integralistas, a educação era uma ação que visava à formação do homem por completo: física, científica, artística, econômica, social, política e religiosamente. Contemplando todos esses aspectos, a escola consolidaria uma concepção de Educação Integral. Para a autora, “essa concepção comporta um forte componente moralista, em que as verdades fundamentais do movimento são sempre trazidas à tona, consolidando visão altamente reprodutora na relação educação-ensino”.
Os estudos de Cavalari (1999) também mostram que a ideia de educação integral para o homem integral era uma constante do discurso integralista, conforme podemos comprovar a partir de depoimentos dos próprios signatários do Movimento Integralista, citados no trabalho dessa mesma autora:
O verdadeiro ideal educativo é o que se propõe a educar o homem todo. E o homem todo é o conjunto do homem físico, do homem intelectual, do homem cívico e do homem espiritual AIRES, in CAVALARI, 1999, p.46
A educação integral (...) não pode se despreocupar de nenhuma de suas facetas; deve ser física, científica, artística, econômica, social, política e religiosa PAUPÉRIO e MOREIRA, in CAVALARI, 1999, p.47
Mas como era uma escola nesta concepção? Segundo Barbosa (2006), as escolas integralistas forneciam cursos de alfabetização para todas as idades, além de cursos profissionais, funcionando em alguns núcleos cursos de corte e costura, enfermagem, datilografia, taquigrafia, entre outros, instrumentalizando a obra cultural do movimento em favor da propaganda das ideias integralistas. Para o autor, ao procurarem o ensino gratuito da escola integralista, os estudantes encontrariam os ensinamentos da ideia sacrossanta de Deus, Pátria, Família.
Essas experiências mostram-nos que os integralistas refletiam sobre a educação integral, atribuindo-lhe uma natureza diversa daquela proclamada pelos anarquistas. Os anarquistas, com o princípio da igualdade e da verdade humanas, faziam uma clara opção pelos aspectos emancipadores da formação humana. Já os integralistas, ao enfatizarem a espiritualidade, o nacionalismo cívico e a disciplina, explicitavam aspectos da formação humana de cunho mais conservador.