O que é ser JOVEM? O que é a JUVENTUDE?

Tomando como orientação as discussões propostas por diversos (as) autores (as), alguns pressupostos devem ser considerados, ao se analisarem questões ligadas às categorias de idade. Um primeiro aspecto é a compreensão que a juventude não é uma categoria natural, sendo, portanto, socialmente produzida. Nesse sentido, as representações sobre a juventude e a posição social que os jovens ocupam adquirem significados particulares em contextos históricos, sociais e culturais distintos. Abramo (1994) acrescenta que, em apenas algumas formações sociais, a juventude configura-se como um período destacado, como uma categoria com visibilidade social. Portanto, a compreensão dessa fase é socialmente variável, uma vez que a definição do tempo de duração, dos conteúdos e dos significados sociais desses processos apresenta variações entre as sociedades e segundo os grupos sociais de uma mesma sociedade.

Outro aspecto que deve ser considerado e relacionado ao anterior reside no fato de que as categorias de idade são construções históricas. Nessa perspectiva, as formas de periodização da vida e a definição de práticas relacionadas a cada período sofrem variações fundamentais no tempo. Sob essa perspectiva, Novaes (2006) ressalta que pensar a juventude brasileira contemporânea implica, por um lado, considerar a enorme diversidade contextual e sociocultural existente e, por outro, apreender as marcas geracionais comuns que caracterizam um determinado momento histórico.

O QUE SIGNIFICA SER JOVEM EM UM TEMPO DE:
- Trabalho restritivo e mutante;
- Multiplicação da violência tanto física quanto a simbólica;
- Evidentes riscos ecológicos;
- Rápidas mudanças tecnológicas?

Nessa perspectiva, entendemos que é fundamental considerar, ao se pensar as idades da vida, as relações entre as dimensões históricas, culturais, sociais e biológicas, pois, se há características universais (dadas pelas transformações biológicas) que acontecem numa determinada fase, a forma como cada sociedade, em um momento histórico determinado, e no seu interior, cada grupo social representa e convive com essas transformações é muito diversificada, pois, em cada tempo e lugar, são muitas as juventudes.

Essa diversidade concretiza-se com base nas condições sociais (classes sociais), culturais (etnias, identidades religiosas, valores) e de gênero, e também das regiões geográficas, dentre outros aspectos. DAYRELL, Juarez. 41: 2003.

Nesses termos, compreendemos que a vivência da experiência juvenil tem um sentido em si mesmo, não sendo somente uma passagem para a vida adulta. Trata-se, portanto, de pensarmos a juventude desligada de critérios rígidos e fixos, como uma etapa da vida com um início e um fim predeterminados, mas como parte de um processo mais amplo de constituição de sujeitos, que tem especificidades que marcam a vida de cada um.

A questão posta é menos sobre a possibilidade ou impossibilidade de viver a juventude, e mais sobre os diferentes modos como tal condição é ou pode ser vivida.

Ultrapassando fronteiras

Para ampliar esse debate sugerimos:

1) a leitura do texto:

DAYRELL, Juarez T. “A escola faz as juventudes. – Reflexões em torno da socialização juvenil”. Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100, out. 2007.

2) a visita ao site:

- Observatório da juventude http://www.fae.ufmg.br/objuventude/
O “Observatório da Juventude da UFMG”, iniciado em 2003, situa-se no contexto das políticas de ações afirmativas, apresentando uma proposta de extensão articulada com eventos de pesquisa e de ensino, em torno da temática educação, cultura e juventude. No site, vamos encontrar artigos, relatórios de pesquisa e sínteses de projetos desenvolvidos pelo grupo.