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E a escola, como pode lidar com as questões aqui apresentadas?

A partir da vivência no território, os jovens acumulam diferentes saberes que podem ser explorados dentro da escola e trabalhados por professores de diferentes áreas. Imagine, por exemplo, quantos saberes são necessários para plantar uma horta ou mesmo para organizar um evento cultural, algo que muitos jovens fazem com certa desenvoltura. Embora nem sempre tenham noção para desenvolver essas atividades, esses jovens precisam lançar mão de conhecimentos da botânica, da matemática, da biologia, da língua portuguesa etc., e a escola pode se apropriar dessas experiências para promover uma aprendizagem significativa.  

Outro exemplo. Pensando nas culturas juvenis vivenciadas no território, eles trazem para dentro da escola elementos significativos que podem e devem ser explorados por diferentes áreas.

Os jovens quase sempre utilizam determinada linguagem, gírias, regionalismos ou algumas expressões próprias para diferenciá-los enquanto grupo. Um professor de Língua Portuguesa ou de História poderia utilizar a linguagem própria de cada território para trabalhar questões como a dinamicidade da língua, os diferentes períodos da nossa história manifestos no modo de falar, o sistema de classes e relações de poder, entre outras.

Pensando agora a partir dos desejos de consumo dos jovens, poderiam levantar as diversas denominações dadas ao dinheiro ao longo da história, por diferentes grupos, em diferentes regiões ou ainda outras moedas de troca, além do papel moeda utilizado pelo nosso sistema monetário, formas de financiamento e condições de pagamento. No campo do poder público e da democratização, há também diversas nomenclaturas para ladrões e corruptos: gatuno, salafrário, vigarista, assecla, malandro, infrator, com aspectos psicológicos, sociais e idiomáticos interessantes para o estudo da Sociologia ou da Língua Portuguesa.

Para finalizar, pensemos, por exemplo, que professores que trabalham nas escolas dos grandes centros urbanos podem ter sentados, lá na sua sala de aula, jovens que fizeram o percurso do campo pra cidade ou do norte para o sul, assim como professores que estão nas escolas do interior podem ter muitos dos seus jovens com planos de emigrar. Ou ainda, um aluno em sua sala de aula pode ainda ter o pai, a mãe ou dois vivendo distante por terem emigrado. A história de vida desses jovens pode fornecer elementos importantes para trabalhar questões diversas em todas as disciplinas do currículo. Já pensaram nisso? Que tal explorar essas peças para buscar desvelar a juventude que compõe sua realidade escolar?

Bem pessoal, esperamos que essa viagem tenha sido tão prazerosa para vocês como foi para nós e desejamos encontrá-los em breve...

Um forte abraço,

Zenaide e Igor