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Os jovens no território. Juventudes e cidade...

O vídeo “Domingo nove e meia” que vocês assistiram (Clique aqui para ver novamente) nos traz uma série de reflexões interessantes sobre os modos de apropriação e (re)significação dos jovens do espaço urbano. Ou seja, a partir do vídeo podemos refletir sobre as variadas possibilidades criadas e inventadas pelos jovens de usos dos espaços da cidade. No caso de “Domingo nove e meia”, o vídeo nos mostra que os jovens se valem de um espaço embaixo de um viaduto na região central de Belo Horizonte para fazerem apresentações musicais e performances, realizarem debates sobre a cidade, trocarem materiais, jogarem bola, enfim, para se encontrarem e se relacionarem. Logo no início do vídeo, é anunciado o objetivo do evento: “A ideia de fazer da rua um espaço de encontro e mobilização da rapaziada belo-horizontina”.

Duelo de MCs
Cultura Hip Hop. Foto retirada do Blog Duelo de Mc´s
Casal punk
Casal Punk – foto retirada do blog Stuff – Cultura Punk

Os territórios urbanos são cenários para diversas culturas construídas pelos jovens. As fotos acima mostram duas diferentes manifestações culturais juvenis urbanas: punk e hip hop. Cada uma expressa diferentes gostos musicais, roupas, acessórios, formas de consumo, símbolos etc. Entendemos que as culturas juvenis são formas em que as experiências juvenis se expressam de maneira coletiva por meio de diferentes estilos de vida. As culturas juvenis são atravessadas também pelas classes sociais, desigualdades sociais, questões raciais, questões de gênero etc. Esses estilos de vida distintos, assumidos pelos jovens nas cidades, implicam comportamentos, roupas, músicas, modos de se relacionar, de passar o tempo livre etc.

As culturas juvenis urbanas nos mostram também a influência cada vez maior que os jovens recebem de referências culturais globais. O punk, por exemplo, é uma cultura juvenil que nasceu na Inglaterra e que circula por muitas das grandes cidades do mundo. Mas o jovem punk de uma cidade brasileira não é o mesmo jovem punk de uma cidade inglesa, apesar de possuírem vários aspectos em comum. Nas sociedades globais, portanto, as culturas convivem com a tensão entre o local e o global. As cidades, nesse contexto, também são permeadas por esses processos. Quanto mais global é uma cidade, maior é o grau de diversidade cultural. Os jovens são um bom termômetro para percebermos isso.

Nesse sentido, as cidades e seus espaços são o lugar em que os jovens “desfilam” seus variados estilos de vida e modos de ser. A cidade, como lugar do desenvolvimento das individualidades por excelência, é, por assim dizer, o grande laboratório de criação, recriação e fomento das culturas juvenis. Ao usarem os espaços da cidade, ao darem significado e sentido a determinados lugares da cidade, os jovens constroem e demarcam territórios por onde circulam. Cada cultura juvenil distinta cria a cidade ao seu modo. Nesse sentido, podemos ampliar nosso olhar e passar a perceber que, por exemplo, determinados bares são frequentados por determinados jovens de uma determinada cultura juvenil ou que determinada praça em determinado dia pode abrigar jovens de estilos de vida variados.

No trânsito e na movimentação pela cidade, os jovens e suas diferentes culturas vão deixando pistas dos lugares com que se identificam. Essas pistas apontam para apropriação e (re)criação dos espaços urbanos por parte dos jovens, ou seja, apontam para os usos que os jovens fazem dos lugares da cidade (do território). Assim sendo, é importante conhecer e considerar os conhecimentos que os jovens trazem para a escola acerca de suas experiências vividas na cidade. Essas experiências dos jovens podem nos revelar muitas questões sobre as cidades onde vivemos como, por exemplo: a cidade em que vivo é desigual? Como são distribuídos os serviços públicos na cidade onde vivo? Há igualdade de oportunidades? Os diferentes bairros e territórios são tratados da mesma forma pelo poder público municipal?