Car@ cursista,
Este Eixo Temático pretende provocar algumas reflexões sobre a relação entre juventude, territórios e escola. Esse é um aspecto muito importante para ampliarmos nosso olhar sobre a educação e sobre a própria escola. Mas o que a noção de territórios tem a ver com juventude e escola?
Como pensar a relação entre territórios e educação? E o que territórios têm a ver com juventude? Você já parou para perceber o território em que você vive e no qual a escola em que você trabalha está inserida? A rua, o bairro, a comunidade, o distrito ou o povoado que habitamos dizem muito a respeito de nossas vidas e também a respeito do modo como nos relacionamos com os outros e com as coisas ao nosso redor.
Imagine uma pessoa que mora em um apartamento localizado em um prédio no centro de uma metrópole do Brasil. Trânsito de pessoas e veículos, grandes avenidas e ruas agitadas, comércio intenso são peças que conformam o território onde essa pessoa vive. Essa mesma pessoa pode usufruir de uma série de serviços, opções de lazer, transporte e outras facilidades, por um lado, mas também pode ter algumas perdas em relação à vivência nesse território, por outro. Por exemplo, suas possibilidades de conversar com um vizinho na rua ou de ter uma vivência comunitária no bairro podem ser reduzidas, não é mesmo? Ela pode trabalhar em uma escola distante de sua casa e, consequentemente, conhecer muito pouco a realidade dos estudantes com os quais trabalha. De um lado, as mídias a conectam com o mundo, promovem informação e entretenimento; de outro, as distâncias, o “rush” e a insegurança podem restringir seus movimentos nesse território.
Agora, imagine outra pessoa que vive em uma cidade pequena, no interior do país. Sua vida pode ser bastante diferente daquela que mora na metrópole. Ela pode conhecer e ter uma relação mais próxima com seus vizinhos e com as pessoas da própria cidade, participar da vida comunitária e até mesmo conhecer as famílias e os estudantes de sua escola: onde moram, como vivem, com quem convivem etc. Por outro lado, essa pessoa, às vezes, precisa se deslocar para uma cidade grande, quando necessita de alguns serviços públicos, como um atendimento médico mais complexo, ou tem de se deslocar para comprar algo que não tenha em sua cidade.
Essas situações hipotéticas descritas acima sobre a vida em uma grande metrópole e a vida em uma cidade pequena podem também ser diferentes pela razão de as vivências em ambos os territórios serem variadas. Existem determinados padrões de vida que podem ser influenciados pelos territórios, mas isso não deve ser visto de forma determinista. Pode ser que alguém vivendo em uma cidade pequena não se relacione com a vizinhança e com os alunos da escola e pode ser que alguém morando em uma cidade grande viva e trabalhe no mesmo bairro, tendo uma vivência comunitária ativa ou que, mesmo morando longe do trabalho, encontre estratégias para se aproximar da realidade dos seus alunos. As vivências nos diferentes territórios, portanto, podem ser múltiplas.
Por fim, imaginemos uma situação em que juventude, territórios e escola possam estar diretamente relacionados. Pensemos em uma escola localizada num município considerado médio, com uma população considerável que viva no campo. Imaginemos ainda que grande parte dos jovens estudantes que frequentam essa mesma escola venha das áreas rurais. Certamente uma escola como essa possui características particulares que devem ser levadas em consideração. Essa escola pode funcionar da mesma forma que uma escola que recebe estudantes urbanos? Como trabalhar no interior da escola com as vivências trazidas pelos estudantes em seus territórios, seus conhecimentos e práticas nos processos educativos? Essas são algumas das questões que discutiremos neste eixo temático.
Objetivo do módulo O objetivo deste eixo temático é refletir a respeito das relações entre territórios vividos, escola, educação e juventudes, buscando identificar como os diferentes modos de ocupação do território podem influenciar os modos de ser jovem e a relação desses sujeitos com a escola. Esses são aspectos importantes quando se fala em conhecer a comunidade escolar, um dos pontos fundamentais para a construção do PPP da escola, para o processo de reformulação curricular e para o desenvolvimento de práticas educativas apropriadas a cada realidade. |
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Boa leitura e bom trabalho!
Conheça os autores: Maria Zenaide Alves é pedagoga formada pela UFMG, Mestre em educação e inclusão social pela Universidade do Porto-Portugal. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMG. Integrante do Observatório da Juventude. Igor Oliveira é graduado em História pela UFMG, Mestre em educação pela UFMG e integrante do Observatório da Juventude. |
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