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Olhando para os lados, vendo de novo e percebendo traços de gênero ao nosso redor!

 
  OBSERVANDO FORMAS E TEXTURAS

Faça agora um pequeno exercício. Olhe para os lados. Pode ser ao seu redor imediato, aquilo que acontece aí do seu lado agora, enquanto você lê esse texto. Mas pode ser o que ficou na rua, ali na esquina, na sua ida ao centro para fazer compras, na festa de aniversário de sua sobrinha, enfim, qualquer lugar que você tenha ido recentemente. Olhe com cuidado! Você viu?

 
 

Você deve estar se perguntando o que é para ver, não é mesmo? Tente ver como o nosso olhar pode generificar o mundo. Melhor dizendo, como a gente vê as coisas ao nosso redor numa perspectiva de gênero.

Vamos tomar um exemplo. Veja as três fotos abaixo:

São fotos tiradas numa única manhã, em uma ida a um shopping. São cartazes e faixas dispostos publicamente, que buscam passar uma mensagem ao leitor. Será que é uma mensagem neutra? Será que é uma mensagem qualquer?

Observem como utilizam a lógica de gênero para dar força a suas ideias:

Por que homens devem ter pelos e mulheres não? Por que apenas as mães agradecem um programa de cuidado da gestação? Homens não têm nenhuma participação na fecundação e cuidado da criança? Por que as mães são “os” usuários do SUS? Sendo mulheres usuárias, por que afirmar que são usuários? E por que a Barbie nessa versão é fada, está de cor de rosa com varinha de condão e minissaia? Que padrão de feminilidade a gente está veiculando quando dá de presente essa boneca e apresenta esse modelo de mulher para as meninas?

Chama nossa atenção o modo como esse tipo de mensagem, que reforça determinados entendimentos sobre o ser homem e o ser mulher, muitas vezes, passa despercebido para a maioria das pessoas. Muitas pessoas veem essas imagens e nem percebem que estão sendo educadas através delas sobre o que se espera em uma cultura sobre o ser homem e o ser mulher.

Ao longo da História, diferentes comportamentos e posturas foram tidos como adequados ou esperados de homens ou mulheres. Algumas justificativas para essas expectativas se baseiam exclusivamente em questões biológicas. Por exemplo, como quem tem útero é que gera uma criança, já foi dito que a responsabilidade com seu cuidado seria exclusivamente da mulher. Porém, temos notícias de culturas em que os homens cuidam das crianças recém-nascidas, enquanto mulheres fazem outras atividades. Contemporaneamente, cada vez mais tem sido afirmado o desejo e capacidade de homens de exercerem atividades relacionadas ao cuidado e ao afeto.

Sendo assim, uma faixa como a da foto acima reforça uma visão da exclusividade feminina nas atividades relacionadas à reprodução ou ao cuidado dos filhos, que reitera desigualdades e preconceitos. Vejam como essa visão, muitas vezes, aparece no discurso dos jovens: “Não quero nem saber se ela engravidou ou não. A barriga pega é na mulher. Ela é que tinha que ter evitado”. Esse exemplo mostra como as desigualdades de gênero se perpetuam.  As instituições sociais, entre elas, a escola, podem oferecer espaços de reflexão intencional sobre essas questões, muitas vezes, naturalizadas. Com isso, outros rumos e outras possibilidades para as relações de gênero em nossa juventude serão trilhados. Apostamos num Ensino Médio Inovador como um caminho para isso!