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O Brasil racializado: a ambigüidade dos apelidos

E aí? A que conclusões você chegou com esta atividade realizada com os jovens? Ainda não a fez? Tudo bem. O importante é que você realize essa atividade durante a participação neste modulo e verifique se essa realidade também se apresenta na escola em que você atua.

Voltando aos apelidos e às justificativas para eles, é possível perceber que, em geral, tanto os primeiros quanto as segundas podem ser muito variadas. De fato, nem sempre os apelidos atribuídos aos jovens negros e aos jovens brancos - que remetem ao seu pertencimento racial - derivam necessariamente de motivações racistas. Em outras palavras, é possível que muitos daqueles que utilizam apelidos que remetem ao pertencimento racial dos jovens (como Pelé, Obina, negão, neguinho, loirinha, galega, preta etc.) o fazem acreditando tratar-se de um modo carinhoso de se referir ao outro.

Por outro lado, observamos que muitos apelidos atribuídos a jovens negros em fase escolar, além de remeterem ao seu pertencimento racial, tendem a desqualificar ou inferiorizar essa identidade racial. Apelidos utilizados de forma pejorativa, como “neguinha”, “macaco”, “cabelo de Bombril”, não são raros no interior das salas de aulas e em outros espaços das escolas brasileiras.

Mas, se a recorrência dos apelidos associados ao pertencimento racial não demonstra, de modo definitivo, que nossa sociedade é racista, ela nos mostra como as interações sociais que estabelecemos durante a vida cotidiana são, em geral, racializadas, isso é, informadas por imaginários vinculados a idéias sobre pertencimentos raciais. Assim, mesmo que uma pessoa não tenha pensado seriamente sobre seu pertencimento racial e, portanto, não se identifique como negro, branco ou indígena, ela pode ser identificada enquanto tal por outras pessoas, a partir dos imaginários sociais disponíveis.

São esses imaginários que, baseados em uma associação entre características fenotípicas (cor da pele, tipo do cabelo, formato dos lábios etc.) e pertencimento racial, nos ajudam a identificar e distinguir negros, brancos, asiáticos, indígenas, árabes e outros.

Por exemplo: na imagem reproduzida a seguir, utilizada pela edição da Revista Nova Escola para ilustrar a diversidade étnico-racial brasileira, você seria capaz de identificar quem é negro, quem é branco e quem é indígena?

O Termo raça caiu em desuso
Fonte

Quais as informações que você utilizou para identificar cada uma dessas pessoas, e distinguir umas das outras? Indo além: você saberia dizer a qual raça cada uma das personalidades apresentadas na imagem pertence?

Se você estiver pensando em raça em um sentido biológico, a resposta correta seria: NENHUMA. Isso mesmo: nenhuma. Por quê?

Porque, atualmente, a Genética, a Etnologia e a Antropologia partilham certo consenso de que a biologia não é pertinente (como se pensava...) para se utilizar o conceito de raça como meio de identificar e diferenciar seres humanos. Isso significa que, do ponto de vista genético, não existem diferenças suficientes entre uma pessoa com a pele mais escura e uma pessoa com a pele mais clara que nos permitam afirmar que elas fazem parte de “raças distintas”.  Geneticamente, portanto, somos todos pertencentes à raça humana e as diferenças fenotípicas entre as populações humanas, que podem ser percebidas atualmente, são resultado de lentos processos históricos de adaptações climáticas.