Olá, car@ cursista!
Neste eixo temático, vamos discutir o tema juventude e relações étnico-raciais na sociedade brasileira.
Como sabemos, a diversidade étnica é um componente marcante do povo brasileiro, que vem desde os primórdios do nosso país. Além das etnias nativas, como os povos do grupo Tupi-Guarani, dos Xacriabá, dos Yanomami etc., tivemos uma contínua imigração e miscigenação com povos da Europa (Portugal, Itália, Alemanha, Polônia, França, Espanha etc.), da África (Guiné, Sudão, Nigéria, Angola, Moçambique etc.), do Oriente Médio (Marrocos, Argélia, Líbano, Síria, Jordânia e Israel) e da Ásia (Armênia, Turquia, China, Tailândia, Japão etc.). Nas ruas, no mercado, nas escolas e no metrô, encontramos brasileiros de vários grupos étnicos e raciais: asiáticos, afrodescendentes, germânicos, eslavos, semitas e outros.
Na verdade, estamos envolvidos por “relações étnico-raciais” a cada momento, até mesmo no âmbito de nossas famílias!
Apesar da onipresença das relações étnico-raciais em nossas vidas, vale a pena esclarecer rapidamente o que são e como se caracterizam. Em seguida, vamos tratar dos vínculos existentes entre relações étnico-raciais e juventude, que é nosso foco específico.
Quando falamos em relações étnico-raciais, estamos nos referindo às interações entre pessoas pertencentes, ou vistas como pertencentes, a diferentes grupos raciais e étnicos. Essas interações podem se dar de forma presencial, ou seja, por meio de contatos físicos com pessoas pertencentes a outros grupos étnico-raciais, ou por meio de representações fotográficas, cinematográficas artísticas ou iconográficas dessas pessoas ou grupos. Falaremos de modo mais detalhado sobre raça e etnia ao longo do eixo temático.
No Brasil, em função da grande diversidade de nossa população, estamos em constante interação com pessoas pertencentes a grupos étnico-raciais variados. No interior das escolas, sobretudo das públicas, essa diversidade também se faz presente; tanto entre os estudantes, quanto entre os demais membros da comunidade escolar. A diversidade étnico-racial está mais presente nas escolas públicas porque são elas que, em geral, recebem estudantes de diversas classes sociais, ainda que, em geral, haja uma maior participação de estudantes de camadas populares que, no Brasil, são majoritariamente negros. Por outro lado, a população negra está pouco representada entre as escolas particulares, que, em geral, recebem um público de classes médias e altas, majoritariamente branca.
Todavia, nem sempre essa diversidade é reconhecida e tomada como uma característica positiva da sociedade brasileira. Abordaremos com vocês, especialmente, as dificuldades de convívio com a diversidade e a diferença no interior das instituições escolares. Por vezes, tal diversidade se transforma em um dos principais motivos de discriminações, hierarquizações e segregações; interferindo de modo direto na socialização, na sociabilidade e nas identidades dos jovens estudantes.
Pensar em como as relações étnico-raciais interferem nas relações sociais estabelecidas pela juventude brasileira, dentro e fora dos ambientes escolares, pode nos auxiliar a compreender como a condição juvenil também se expressa numa perspectiva étnico-racial, visto que muitos meninos e meninas se veem constrangidos a se autoidentificar como negros(as), brancos(as), indígenas, asiáticos etc., e, mesmo quando não se autoidentificam, são, geralmente, identificados pelos outros.
Bem, espero que você goste do eixo temático.
Seja bem-vindo, caro cursista!
Rodrigo Ednilson de Jesus e Juliana Batista dos Reis
Conheça os autores: Juliana é socióloga e doutoranda em Educação pela UFMG. Rodrigo é sociólogo, doutor em Educação e professor da UFMG. |
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