Mas, e a escola? Qual seria então o lugar dela nessa construção? O que ela tem a ver com tudo isso e como pode intervir no auxílio à elaboração desses projetos de futuro? A questão que importa aqui é: seria uma função social da escola contribuir para um investimento eficaz dos jovens no seu futuro? Ela tem feito isso? Como?
Para iniciar esse assunto, convidamos você a assistir um vídeo utilizado na pesquisa desenvolvida no Pará, já mencionada acima.
No vídeo, fica clara a importância para os jovens de se pensar nos projetos de futuro, bem como a consciência que eles têm de que as escolhas e decisões do presente interferirão nas prospecções de futuro. Os depoimentos também evidenciam uma necessidade que os jovens parecem ter de querer aliar algo que gostam de fazer e em que se consideram bons com uma profissão que trará retorno financeiro. Outro fato que nos chama a atenção ainda é a centralidade que os estudos adquirem na vida dos jovens que pretendem entrar no mercado de trabalho, fazendo parecer que esse é o único caminho possível para tal.
A escola, muitas vezes, transfere para a família a responsabilidade de auxiliar os jovens na construção de suas perspectivas de vida. As famílias, por sua vez, depositam na escola a expectativa de que ali seu filho terá a garantia de um futuro melhor, sobretudo aquelas desprovidas de recursos econômicos para tal. Nessa disputa por uma definição das responsabilidades, o jovem acaba, muitas vezes, se vendo como o único responsável pela construção da sua própria história, ficando à mercê dos recursos, muitas vezes, limitados, de que dispõe. É o que mostra o depoimento a seguir.
“A verdade é que a escola de ensino médio não contribuiu em nada com meus objetivos. Aliás, ninguém lá nem ficou sabendo dos meus planos de tentar entrar na Medicina da USP” (Revista Onda Jovem, 2009)
Acreditamos que o professor e a escola têm papel fundamental para que os (as) jovens (re)pensem seus projetos de futuro, proporcionando discussões sobre tais projetos e buscando orientar os jovens sobre a multiplicidade de possibilidades ofertadas pelo mundo. Assim a escola pode e deve ser vista como um espaço para vivenciar mudanças, estimular a reflexão sobre os projetos de futuro, aprender a lidar com a instabilidade do futuro, equacionar os melhores investimentos de forma racional, consciente e planejada levando em conta as individualidades, desejos e contextos sociais, culturais e econômicos.
Contudo, não estamos querendo dizer que a função do professor em relação aos jovens seja a de direcioná-los e encaminhá-los na vida, mas antes sim o de promover situações em que a temática sobre os projetos de futuro possa ser discutida, experimentada, vivenciada. Assim estará gerando novas ideias e ampliando o campo de possibilidades para a construção de possíveis futuros.
“A escola está focada no vestibular seriado e vem orientando os alunos a respeito da carreira profissional” (Revista Onda Jovem, 2009)
“Através da escola é que a gente tem esse empurrão para ir para frente, mesmo a escola estando tão ‘avacalhada’ ela contribui. De uma forma ‘aperreada’ a escola ainda contribui.” (DAYRELL, LEÃO, REIS, 2010, GD1)
Apesar disso, o que se tem observado é que muitas escolas não têm desenvolvido com eficácia essa função de auxílio e incentivo aos jovens no que diz respeito aos projetos de vida, gerando uma profunda descrença por parte deles nesse papel que deveria ser, também, das instituições escolares.
O que você pensa a respeito disso? Será que essa também não deveria ser uma das funções da escola, pensando em uma escola que se pretende justa? Essa responsabilidade não deveria ser compartilhada através de uma parceria escola- família-sujeito? Como os seus alunos veem a escola no que diz respeito ao possível auxílio na construção de um projeto de vida? É o que queremos saber. Que tal pesquisar? Para isso, propomos que você responda um questionário e busque saber o que os jovens da sua escola planejam para o futuro. Confira as atividades propostas e mãos à obra!