Curso Educação Integral e Integrada

Seguindo a Trilha de Santarém (PA)

Escola da Floresta

A preocupação com o meio ambiente é um dos eixos norteadores da política municipal de educação de Santarém. Assim, a SEMED criou, em 2008, a Escola da Floresta, com o objetivo de proporcionar mudanças de práticas e valores quanto à preservação e conservação do meio ambiente, através de um espaço de compartilhamento de experiências e ações em educação ambiental (www.santarem.pa.gov.br, acessado em 14/05/2010).

Com uma área de 33 hectares de floresta, a Escola da Floresta está localizada na comunidade de Caranazal, próxima à cidade de Alter do Chão. Trata-se de um projeto que destaca a importância da floresta amazônica, de sua biodiversidade e do imenso potencial daquela região. Sendo assim, procura transformar a floresta em uma enorme sala de aula que, no seu primeiro ano de funcionamento, recebeu mais de 5 000 visitantes.

A proposta da Escola da Floresta está voltada para os alunos de 5ª a 8ª séries, atendendo prioritariamente os alunos da rede municipal, mas recebendo também estudantes da rede estadual e particular.

Para esse atendimento, a Escola da Floresta conta com um micro-ônibus próprio para o transporte dos alunos. Além do atendimento às escolas, o projeto realiza eventos e recebe visitas de outros setores da sociedade, como associações, ONGs e outros grupos organizados.

 

Equipe e Metodologia de trabalho

A equipe da Escola da Floresta é composta por uma coordenação e por educadores de diversas áreas, contando, inclusive, com educadores populares, como o “Sr. Mucura”, seringueiro e membro do Conselho Nacional dos Seringueiros.

A seleção das escolas participantes é feita através de adesão, já que no início do ano é construído um cronograma de atendimento a partir das demandas recebidas. Definidas as escolas, o atendimento é feito por turmas e a visita à Escola da Floresta dura todo o dia. Assim, as escolas atendidas enviam a cada dia uma turma de cerca de 40 alunos que é dividida em grupos para percorrem trilhas sob a responsabilidade dos educadores do Projeto.

Durante as trilhas, os grupos têm a oportunidade de participar de atividades variadas, como conhecer inúmeras espécies florestais, visitar por dentro uma casa de seringueiro, aprender como se faz farinha de mandioca, caminhar por um viveiro com capacidade produtiva de 80 mil mudas, participar de aulas práticas sobre o processo de reprodução de abelhas sem ferrão.

Depois das trilhas, os grupos se encontram na sede da escola, onde almoçam e conversam sobre a experiência vivida. Nesse espaço, eles discutem sobre meio ambiente, seus problemas e suas formas de preservação e sobre como, no dia a dia, ter atitudes ecológicas.

Apesar das atividades serem desenvolvidas pelos educadores do Projeto, cada turma é acompanhada por um ou dois professores, que participam ativamente do debate e têm a função de continuar o trabalho na volta à escola.

Dentro do espaço da Escola da Floresta foi construído o Memorial Chico Mendes com fotos, livros e artigos sobre a história desse seringueiro e líder ambiental, que é visitado por todas as turmas e, de certa forma, é o símbolo da luta e compromisso da Escola da Floresta por uma cidadania planetária. A Escola da Floresta representa um marco na política municipal de Santarém, no sentido de definir a educação ambiental como um dos grandes pilares da educação.

Pode-se perceber, em Santarém, um Projeto Político de Educação e um compromisso para que esse projeto realmente se efetive na prática. Mais do que apenas melhorar o desempenho escolar, o que já é uma meta importante a ser cumprida, a Secretaria Municipal de Educação organiza e desenvolve suas ações tendo como referência a realidade social, econômica e cultural da Amazônia. Nessa perspectiva, os sujeitos, em seu contexto sociocultural, estão no centro da política municipal de educação.

As propostas pedagógicas têm um enraizamento na cultura regional, possibilitando que as escolas se transformem em um centro de cultura viva para comunidades que, em sua maioria, se encontram bastante isoladas. Neste sentido, as caravanas, estratégia bastante utilizada por todos os Projetos, cumprem essa função de possibilitar às comunidades mais distantes o acesso à arte e à cultura.

Aqui é importante destacar que se não fossem as caravanas seria muito difícil atingir um público tão disperso geograficamente, servindo de exemplo para a construção de políticas adequadas à realidade de cada município, na perspectiva dos arranjos educativos locais.

O espaço da floresta transforma-se em espaço educativo assim como o parque e as praças da cidade. A proposta se caracteriza por ocupar os espaços da cidade, não só como espaços físicos, por falta de lugar nas escolas, mas como espaços sociais, construindo, assim, um sentimento de pertencimento à cidade, entendida como um grande espaço educativo.

É interessante ressaltar que, em Santarém, a ampliação do tempo não é o eixo  da experiência. O tempo é estendido para atender às necessidades de uma ampliação das dimensões de formação, aspecto central em todos os Projetos desenvolvidos. Acesse o link com o relatório completo (Anexo VI Santarém UFMG)

 
 

Ultrapassando fronteiras

A Escola da Floresta produziu o memorial “Chico Mendes”. Esse foi um ato significativo, pois demonstra a relação entre a defesa ambiental e o direito à terra. Era essa a luta de Francisco Alves Mendes Filho,  o Chico Mendes, assassinado na noite do dia 22 de dezembro de 1988, sete dias após ter completado 44 anos. Ao sair para tomar banho em sua humilde casa, Chico foi alvejado com um tiro no peito na presença de sua esposa Ilzamar e de seus filhos Elenira e Sandino. Sua biografia pode ser conferida no site www.chicomendes.org.br, do Instituto Chico Mendes. Visite-o e confira, além da biografia, os projetos e ações e os parceiros do Instituto.

 
 
Página 6 de 11 « ... 4 5 6 7 8 ... »