As possibilidades das Cidades Educadoras
Falar de educação integral no contexto das cidades educadoras exige uma confluência de olhares sobre o pedagógico e o social, em que o denominador comum é o campo das políticas educacionais, isto é, deve-se pensar a escola e pensar a sociedade, para pensar a educação.
Esse movimento está pressuposto na idéia de cidadania e na ampliação do direito à educação. Percorrendo esse veio, a luta por uma educação de tempo integral se instaurou no Brasil como você estudou em nosso primeiro módulo.
Toda a luta social que se inicia na década de 1980, através da iniciativa dos movimentos sociais e educacionais foi pela democratização da gestão da escola, pela ampliação de sua cobertura, para a qualidade na oferta e no atendimento de crianças, adolescentes, jovens e adultos que nela ingressam.
São várias as mudanças ocorridas nesses anos por uma educação de qualidade:
Podemos perceber que a idéia de ampliar as dimensões escolares acompanha esse movimento de qualificação da escola em sua dinâmica interna de organização. Mas também aqui atuam outros fatores extraescolares a exigirem alterações na escola.
No diagrama a seguir, segue um panorama desses fatores e seus intercruzamentos:
As letras A, B, C e D representam questões contemporâneas que atravessam não apenas os grandes acontecimentos, mas o nosso cotidiano, o de nossas cidades e o de nossas escolas.
A letra A, globalização, indica não apenas os aspectos econômicos em curso nos quais empresas se agigantam na exploração de um mercado que não tem fronteiras para as grandes corporações que se disseminam em todo o mundo — inclusive em sua cidade. Olhe a sua volta, com certeza há marcas internacionais encontradas aí na sala em que você se encontra. Globalização também indica a intensa circulação de bens culturais e simbólicos usados por nós para nos identificarmos socialmente e que, por exemplo, nos faz solidarizar com mulheres iranianas condenadas à morte, por terem tido relações extraconjugais.
A letra B, novos movimentos sociais, aponta que a dimensão do direito à participação se vê em questão por novos movimentos sociais de cunho ecológico, étnico-racial, gênero e sexualidade, origem e outros tantos mais que recusam uma sociedade unidimensional e lutam pelo pluralismo no campo das idéias e pelo reconhecimento da diferença. Eles também estão perto de você, quando se discute, por exemplo, a regulamentação da posse da terra de comunidades do campo como quilombolas, assentados, atingidos por barragem e indígenas. Não esqueçamos que as migrações, o desequilíbrio ecológico e os inchaços das médias e grandes cidades é uma das variáveis de uma sociedade que concentra a terra para o agronegócio.
A letra C, sociedade pós-industrial, reflete que não vivemos mais numa sociedade industrial nos moldes como a que conhecemos e que serviu de locomotiva para o desenvolvimento dinamizador da atração das populações do campo para as cidades. A oferta de emprego, hoje em dia, encontra-se mais pujante na área de serviços. O que cria demandas de qualificação para os trabalhadores mesmo que não haja, de fato, vagas para todos e que a distribuição dessas vagas se veem atravessadas por mecanismos seletivos que combinam mecanismos escolares e extraescolares
A letra D, inovações tecnológicas e comunicacionais, é uma das dimensões mais palpável dos apontados anteriormente e cujos impactos são mais incorporados em nosso cotidiano. O simples fato de você estar agora na frente de um computador fazendo um curso de capacitação a distância é uma pequena amostra disso que estamos dizendo. São muitos exemplos, como telefones celulares, computadores, internet, televisores cada vez mais sofisticados, enfim, uma quantidade imensa de objetos disponibilizados em lojas ou sites de compra em muitas prestações a serem pagas.
Sentimos como essas novas configurações globais afetam o nosso cotidiano e cujas consequências vêm a se somar a problemas já consagrados e que se se tornam complexos nos novos tempos globalizados: tráfico de humanos para o trabalho e/ou exploração sexual, para a venda de órgãos ou simplesmente em rotas migratórios para escapar da fome ou da guerra; tráfico de armas, de drogas ou de produtos falsificados; aliciamento de menores explorados sexualmente e outras tantas questões.
E são rotas que conectam o local com o global, por meio de redes informacionais capilares capazes de conectar on-line mundos tão diferentes. Mas também há positividades anunciadas e exigidas pelos movimentos sociais e por todos que se preocupam em inverter os sentidos negativos dessas experiências desumanizadoras e que se utilizam dessas redes para promoção da vida.
Flashes de viagem Uma boa maneira de entender os efeitos da globalização e suas conexões é ver um vídeo chamando “A história das coisas” (The story of stuff). Ele está dividido em duas partes nos links logo abaixo Parte I: Parte II:
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