Navegação

A A A

Experiências do programa Ensino Médio Inovador (ProEMI)

Após apresentarmos alguns aspectos essenciais para o trabalho com os jovens, vamos observar algumas experiências do ProEMI, buscando praticar a desnaturalização do olhar na produção do cotidiano escolar. Pense nos pontos apresentados para a construção de uma metodologia com a juventude e, no trecho a seguir, ao ler as experiências, tente relacioná-las com os indicativos da reestruturação curricular proposta no documento orientador da implantação do ProEMI.

 
  EXPLORANDO MATERIAIS

Indicativos de reestruturação curricular:

a) Carga horária mínima de 3.000 (três mil) horas, entendendo-se 2.400 horas obrigatórias, acrescidas de 600 horas a serem implantadas de forma gradativa;
b) Foco na leitura como elemento de interpretação e de ampliação da visão de mundo, basilar para todas as áreas do conhecimento;
c) Atividades teórico-práticas, apoiadas em laboratórios de ciências, matemática e outros espaços ou atividades que potencializem aprendizagens nas diferentes áreas do conhecimento;
d) Fomento às atividades de produção artística que promovam a ampliação do universo cultural do estudante;
e) Fomento às atividades esportivas e corporais que promovam o desenvolvimento dos estudantes;
f) Fomento às atividades que envolvam comunicação e uso de mídias e cultura digital, em todas as áreas do conhecimento;
g) Oferta de atividades optativas (de acordo com os macrocampos), que poderão estar estruturadas em disciplinas, ou em outras práticas pedagógicas multi ou interdisciplinares;
h) Estímulo à atividade docente em dedicação integral à escola, com tempo efetivo para atividades de planejamento pedagógico, individuais e coletivas;
i) Incorporação das ações ao Projeto Político-Pedagógico implementado com participação efetiva da Comunidade Escolar;
j) Elaboração de plano de metas para melhoria do índice escolar.

 
 

Experiências no Ensino Médio Inovador (ProEMI)

Esperamos que as experiências escolhidas possam contribuir para as suas reflexões acerca de alguns aspectos fundamentais à construção de uma metodologia com a juventude e a perceber como adotá-las em sua prática. As experiências aqui relatadas foram retiradas do relatório do MEC “Ensino Médio Inovador: relatos da experiência”, escrito por Maria Beatriz Coelho. A autora visitou, no ano de 2010, todas as escolas participantes do ProEMI, traçou um perfil das escolas e registrou questões do cotidiano e experiências pedagógicas.

Na implementação do ProEMI, a maioria das escolas tem ampliado o tempo escolar através de oficinas. Alguns poucos projetos agregam duas ou três disciplinas e apresentam maior entrosamento.

A proposta de trabalho no contra-turno ou mesmo em tempo integral encontra limites em uma questão delicada que é a infraestrutura. Isso porque a articulação dos dois momentos requer um trabalho coletivo bem articulado, para que não se instaure uma cisão entre horário das aulas e horário das atividades alternativas. A ação dos articuladores e o conceito de trabalho interdisciplinar, construído no coletivo dos professores, são cruciais nesse processo. Esses aspectos interferem no pensamento dos estudantes sobre o que é a escola e sobre o que ela pode vir a ser, podendo alterar a relação dos estudantes com os saberes e dar mais consistência aos seus percursos formativos e credibilidade a eles mesmos como produtores de conhecimentos. Vamos refletir melhor sobre essas questões a partir de uma experiência concreta.

Dentre essas experiências, estão os projetos “Literatura e Identidade” e “Literatura e autoconhecimento”, desenvolvidos por meio de oficinas na EE José Aloísio Dias, no município de Mutuípe, na Bahia.  A proposta era convidar os estudantes a falarem de si mesmos a partir de autorretratos de autores, como Graciliano Ramos, Manoel Bandeira e Natália Correia.  Trabalhos como esse, com leitura e letramento, são importantes porque, além de promoverem uma análise da língua em seus diversos espaços de uso e suportes de circulação social, também supõem momento específico para a literatura. Outra ação significativa foi a oferta de oficinas de leitura pelos estudantes aos moradores de comunidades escolhidas, a partir da oficina Ler, criar e pensar... É só começar.

Nas aulas expositivas, nos trabalhos em grupos e em outros momentos de estudo, bem como nas pesquisas de campo e nos projetos voltados para mídia e tecnologia, a mediação dos professores diante da leitura de mundo e dos vários gêneros que o mundo oferece coloca o estudante em posição ativa e em contato direto, lendo e escrevendo o mundo e seus textos.

Além das oficinas, há uma atividade interdisciplinar que mobiliza toda a comunidade escolar e que também foi premiada: o projeto de pesquisa e extensão Serra do Feiticeiro, da E. E. Pedro II, em Lajes, Rio Grande do Norte, cujo tema foi Ecossistema como sustentabilidade de um povo. Detalhes do projeto podem ser consultados no blog da escola.

No projeto desenvolvido pelo Colégio Estadual José Aloísio Dias, mencionado neste texto, os alunos realizaram estudos integrados das áreas de educação física e biologia e, a partir desses estudos, planejaram e produziram vídeos sobre vários temas: anorexia e bulimia, cultura e beleza no conceito dos jovens, obesidade e aborto, que podem ser vistos abaixo:


(Assista no Youtube)


(Assista no Youtube)

Esses e tantos outros exemplos mostram as inúmeras possibilidades do ProEMI, que deve ser aproveitado em todo seu potencial transformador. Consolidar a percepção desta etapa educacional considerando o diálogo com a juventude, ou seja, reconhecer os jovens e seus saberes, suas relações com o mundo e a perspectiva que têm para seu futuro, é premente. Seguindo esse caminho, o programa visa à superação das desigualdades e à universalização do ensino para aqueles entre 15 e 17 anos.

Reconhecemos, enquanto professores, a necessidade de infraestrutura e condições materiais e profissionais básicas para a realização do nosso trabalho. Há, em toda política em implantação, um processo de adaptação das condições de trabalho. Esperamos que essas condições que aparecem nos documentos oficiais, através do programa Mais Educação e do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), sejam viabilizadas em cada município e em cada escola de acordo com sua realidade e características.

Sabemos que é preciso avançar nacionalmente na valorização do magistério, reconhecendo essa categoria, para além dos discursos, como a base da formação de um país mais avançado sociocultural e tecnicamente. Esse reconhecimento nos fortalece ainda mais na necessidade de organização dos coletivos de trabalho e de aprofundamento da discussão sobre interdisciplinaridade.