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Iniciando o mosaico

Car@ cursista,

Queremos começar nosso diálogo hoje explicando por que um módulo sobre metodologia

Bem, estamos finalizando nosso percurso formativo. Esperamos que o curso tenha sido agradável e significativo para você assim como foi para nós. Vamos encerrar com uma discussão que é de suma importância para a organização do trabalho pedagógico e a reformulação curricular: a metodologia de trabalho com jovens. Nesse sentido, assim como foi necessário pensar uma metodologia específica para este curso – olhar, ouvir, registrar –, pensar também nossas estratégias metodológicas nas práticas escolares é um aspecto imprescindível, em qualquer contexto educacional e em todos os níveis de ensino.

Esse é um aspecto do currículo muitas vezes deixado de lado, em detrimento dos conteúdos, e parece ser ainda menos valorizado nos anos mais avançados da escolarização. Mas não é por falta de recomendação legal. O aspecto metodológico do currículo para o Ensino Médio está bastante claro na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) que prevê, no seu Art. 36, que o currículo do Ensino Médio adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes.

Também está explícito nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio que o “currículo, enquanto instrumentação da cidadania democrática, deve contemplar conteúdos e estratégias de aprendizagem que capacitem o ser humano para a realização de atividades nos três domínios da ação humana: a vida em sociedade, a atividade produtiva e a experiência subjetiva”.

Aliado às determinações legais, está o anseio dos próprios jovens por formas diferenciadas de desenvolvimento do conteúdo escolar. Temos detectado nas nossas pesquisas e também presenciamos nas nossas formações com jovens e professores que os jovens gostam da escola, mas não gostam das aulas; as consideram chatas, monótonas, cansativas e desconectadas dos seus anseios.

 

 
  OBJETIVO DO MÓDULO

O objetivo deste módulo é refletir sobre alguns aspectos referentes ao currículo do Ensino Médio, não no que se refere aos conteúdos, mas às estratégias de ensino e aprendizagem. Parte-se da premissa de que é de suma importância pensar e elaborar metodologias de trabalho apropriadas a cada grupo e a cada realidade. Nesse sentido, é importante que se diga que não trabalharemos aqui na perspectiva de apresentar fórmulas ou receitas metodológicas, mas discutiremos princípios orientadores para que cada escola e cada professor e professora sejam capazes de avaliar tais princípios e posturas, adequando-os à realidade da sua escola.

 
 

Antes de avançar, vamos deixar claro o que estamos chamando de metodologia. De maneira bem objetiva, a metodologia envolve o caminho escolhido, as ferramentas utilizadas e a postura adotada pelo professor ou professora para se atingir o objetivo do ensino. Partindo dessa definição, consideramos fundamentais as práticas escolares e a postura do profissional da educação. Ou seja, acreditamos que não é possível um profissional adotar práticas que dialoguem com a juventude sem ele próprio assumir posturas e atitudes que o coloquem em estreito diálogo com essa mesma juventude, incorporando tal postura à sua identidade profissional.

As narrativas biográficas nos mostram inúmeros exemplos de como um professor pode fazer a diferença na vida de uma pessoa. Paulo Freire, no livro Pedagogia da Autonomia, relata um episódio que vivenciou na juventude, que é ilustrativo dessa afirmação:

Às vezes mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. [...] O gesto do professor valeu mais que a própria nota dez que atribuiu à minha redação. (Freire, 1996, p. 47).

Nesse sentido, quando falamos em uma escola para a juventude, isso não se restringe a equipamentos e recursos didáticos de última geração. Eles são muito importantes, certamente, mas a figura do professor, suas atitudes e posturas são igualmente relevantes. Uma pedagogia da juventude seria, assim, um conjunto de práticas educativas pensadas para jovens e com a participação dos jovens, considerando-se seus desejos, anseios, sonhos, projetos e necessidades presentes e futuras. Uma pedagogia da juventude demanda políticas educacionais que reconheçam os jovens como atores estratégicos para o desenvolvimento social, escolas com infraestrutura adequada para explorar o potencial desse grupo e profissionais da educação comprometidos com a formação integral dos jovens.

Para nos aprofundarmos no entendimento do lugar do professor nesse processo, o pensamento freireano é de suma importância. Essa é a base teórica das práticas que temos desenvolvido nos últimos anos. Caso tenha interesse, pode acessar gratuitamente a obra desse autor no site do Centro Paulo Freire da UFPE.

 
 

Conheça os autores:

Maria Zenaide Alves é pedagoga, formada pela UFMG. Mestre em educação e inclusão social pela Universidade do Porto-Portugal. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMG. Integrante do Observatório da Juventude.

Catherine Hermont Graduada em Letras pela UFMG. Pós- graduada em arte- educação pela Universidade do Estado de Minas Gerais. Mestre em educação pela UFMG, professora da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte e integrante do Observatório da Juventude.