Curso Educação Integral e Integrada

Reflexões a partir das experiências

Mais do que estabelecer um modelo de educação em tempo integral, as experiências produzem em sua riqueza de formatos uma desnaturalização do tempo escolar. Afinal, a escola é instituição social historicamente produzida e muito já se discutiu sobre sua função social.

No Brasil, nas últimas décadas, muitas experiências interrogaram a concepção de tempo escolar fragmentado diariamente e parcelado anualmente. Modelos de ciclos de formação expandiram a noção de tempo escolar, aproximando-a dos tempos aprendizagem vivenciados fora da escola e das idades de formação. Essas concepções estão presentes nos formatos variados de extensão de jornada e tendem a demonstrar que todo o tempo de vida pode ser um tempo de aprender. Pedagogizar o tempo não significa estender a escola a todas as horas do dia e nem fixar períodos iguais para todos. Aprender com a organização dos tempos sociais para construir outros modelos de escolarização é uma tendência observada em muitas das experiências analisadas. O desenrijecimento dos tempos é uma mostra de desnaturalização.

Um conjunto de experiências procura interferir nos problemas identificados no entorno da escola, produzindo soluções coletivas, em geral articuladas às discussões sobre o ambiente. Essa dinâmica sinaliza uma característica inovadora em algumas experiências de ampliação de jornada: o território como referência político-pedagógica. São propostas que se caracterizam por ocupar os espaços da cidade, não só como espaços físicos que respondem ao problema da falta de lugar para a realização de atividades dentro da escola, mas como espaços sociais. O sentimento de pertencimento à cidade, entendida como um grande espaço educativo, é a marca dessas experiências e traduz uma concepção de território.

As experiências repercutem também na organização e nas relações existentes no interior da escola. A integração entre as atividades realizadas nos tempos de extensão de jornada e o projeto político-pedagógico constitui um desafio para a organização da escola. As experiências demonstram que essa articulação é tecida cotidianamente e depende da disponibilidade dos profissionais envolvidos para o trabalho coletivo. Depende também da atuação agregadora da gestão da escola, ao organizar tempos de encontro e apoiar propostas conjuntas. Até mesmo a negociação do uso dos espaços escolares pode ser um pretexto para negociações e aproximações na tessitura de propostas de trabalho mais coletivas.

A dinâmica de participação instaurada com a aproximação da comunidade escolar e dos desafios e potencialidades do território também repercutem no ato educativo. Temáticas importantes, como o meio ambiente, a condição da infância e da adolescência, e a identidade sociocultural podem se tornar parte significativa do currículo escolar. A flexibilidade dos tempos e espaços e a inserção de novos atores na dinâmica da escola concorrem para o redimensionamento da prática escolar e a construção coletiva de um currículo integrado.

 
 

Explorando territórios

Depois desse ano de reflexões sobre a ampliação da jornada escola, ou da produção da escola integral, o que você carrega em seu álbum fotográfico? Que concepções iniciais você reconstruiu? O que lhe surpreendeu? Que idéia você faz agora de uma proposta de educação de tempo integral?

 
 
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