Se pudéssemos compor um mosaico que, de alguma forma, retratasse as formas de participação dos jovens brasileiros em nosso tempo, esse mosaico seria bastante diverso pelo fato de que as formas participativas juvenis atuais são marcadas pela diversidade de atuação, de espaços, de modos de fazer, de culturas etc. A participação juvenil contemporânea pode ser a mais múltipla possível, abarcando a dimensão do cotidiano, as ações e agrupamentos formados nos bairros ou nas escolas, a participação religiosa, a atuação em grupos culturais e esportivos, a militância em movimentos sociais diversos, a atuação em grupos ambientalistas, o ativismo social, o ciberativismo, a contestação festiva e irreverente, a participação na construção de políticas públicas – conselhos, conferências, a participação em partidos políticos e no movimento estudantil e por aí vai... As diversas juventudes estão atuando, construindo, produzindo e agindo. É preciso que apuremos nosso olhar para perceber o que se passa, pois ora essas questões são mais visíveis socialmente, ora são “subterrâneas” ou pouco visíveis. É necessário que ampliemos nossa percepção para visualizarmos muitos exemplos interessantes de participação construídos pelos jovens.
Outras Cores
Vocês com certeza já ouviram falar de termos como “ativismo” ou “militância”. As palavras “ativismo” e “militância” estão relacionadas à prática da ação política por uma causa social. O ativismo pode se dar através de ações diretas como protestos, manifestações, mobilizações, desobediência civil, bem como através da participação em movimentos e grupos, partidos políticos etc. Hoje, ativismo e uso da internet estão intimamente relacionados. Como vocês podem ver no eixo Culturas Juvenis e tecnologias, os jovens hoje estão intimamente conectados às novas tecnologias da informação e comunicação. Essa característica das juventudes contemporâneas se expressa também no ativismo que esses jovens produzem. Muitos dos protestos, mobilizações e ações políticas são hoje organizadas, mobilizadas e divulgadas pelas redes sociais, blogs, sites e outras ferramentas da internet. Ações contra a gestão de prefeitos, protestos por uso dos espaços públicos das cidades, mobilizações de grupos culturais, organização de ações locais etc. são alguns dos exemplos de um universo de movimentações, protagonizadas por jovens, que estão acontecendo. A junção entre internet e ativismo parece indicar uma nova cultura da participação. Podemos chamar isso de ciberativismo, ou seja, o ativismo que se articula através e pela internet. Outras formas de ciberativismo são a produção e veiculação através de sites e blogs de informação, notícias, e produção de conteúdo que não aparecem nas mídias tradicionais, como a TV. Há também o ciberativismo que se dá por causas que envolvem o próprio uso da internet. Recentemente jovens de todo o mundo protestaram, invadindo e modificando sites de governos, empresas e grandes corporações. A razão do protesto dos jovens foi uma proposta de lei nos EUA - SOPA - que pretendia proibir o compartilhamento de músicas, filmes e demais bens culturais pela internet. Os jovens contestadores, então, protestaram por uma internet livre para criar, trocar e produzir cultura. Essa movimentação foi protagonizada por grupos de jovens que assumiam o nome de Anonymous e a imagem símbolo do movimento é a de um personagem anarquista de um romance gráfico intitulado V de Vingança, cunhado sob autoria de Alan Moore. Alguns links para saber mais sobre o ciberativismo: - Ativismo na internet: Anonymous Brasil - Mídia alternativa, produção de notícias e conteúdo: Centro de Mídia Independente Brasil – (CMI) - Movimentação social de jovens organizada e mobilizada através da internet: Praia da Estação em Belo Horizonte Cartaz dos Anonymous - Fonte Muitos grupos em que os jovens atuam em nosso tempo são chamados por eles mesmos de “Coletivos”. Você sabe o que são “Coletivos”? Coletivos são agenciamentos, associativismos e agrupamentos de jovens ativistas, jovens ambientalistas, jovens produtores de cultura etc., em prol de um ou mais fins. Os jovens se agrupam em coletivos geralmente por afinidade/ideais, por relações afetivas, por questões identitárias, ou por todos esses elementos juntos. A natureza de determinado coletivo, ou seja, os motivos, objetivos e interesses que conformam determinado agenciamento, indicam também a natureza dos agrupamentos. A organização dos coletivos também é marcada pela autonomia, autogestão e horizontalidade. Outro aspecto dos coletivos a ser ressaltado é o da flexibilidade e fluidez da participação engendrada em seu interior. Os compromissos, acordos, normas e regras são autodeterminados pelos indivíduos que deles participam. Não há rigidez nem fidelidade participativa. A relevância do indivíduo – dos desejos e necessidades individuais - no interior de um coletivo aponta para reflexão sobre as formas de agenciamento mais flexíveis e “líquidas”, distintas das formas participativas tradicionais. Exemplos de coletivos estão contidos na notícia sobre os jovens paraenses e no vídeo da “Praia da Estação” a seguir. |
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Explorando materiais
Para visualizarmos melhor o que estamos falando, vamos ver uma notícia e um vídeo que nos mostram formas participativas dos jovens atualmente. A notícia fala de jovens participantes de grupos e coletivos que usam a cultura nas cidades de Belém e Ananindeua, no estado do Pará, como forma de ação política. Sem dinheiro público e utilizando seus próprios recursos, jovens promovem oficinas de Hip Hop, literatura, cultura afro etc. Já o vídeo, mostra um protesto lúdico/festivo protagonizado por jovens em Belo Horizonte após o prefeito da cidade proibir eventos culturais, políticos e de qualquer natureza em uma das principais praças no centro da cidade. Toda essa movimentação foi organizada e mobilizada através da internet. •Um exemplo Amazônico: Jovens no Pará usam a cultura como forma de ação política. Gostaram da notícia e do vídeo? Eles retratam um pouco a diversidade das formas participativas protagonizadas e criadas pelos jovens atualmente. É interessante percebermos também que essa participação da juventude contemporânea tende a se deslocar dos espaços participativos tradicionais – partidos, sindicatos etc. – para espaços autônomos criados pelos próprios jovens. A Praia da Estação em Minas Gerais e os grupos e coletivos do Pará são exemplos desses novos espaços e das novas formas participativas de jovens, um na área do protesto social e outro na área da cultura. Ambos expressam tendências atuais da dinâmica de produção de autonomia pela juventude, de ampliação e (re)significação do fazer político, de invenção de novas formas de organização – horizontais e não hierárquicas e da “carnavalização” do protesto, da cultura e da política. |
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Outras Cores
UM MUNDO EM PROTESTOS – JOVENS EM AÇÃO! Você sabia que muitos dos movimentos de protesto e contestação social mais visíveis do mundo hoje são protagonizados em grande parte por jovens? Questionando o modelo capitalista que provocou a crise econômica nos países desenvolvidos, questionando os governos ditatoriais no mundo árabe ou questionando o modelo educacional, como aconteceu no Chile, os jovens estão reinventando as utopias, a política, o protesto e o dissenso. O ano de 2011 foi um marco histórico nas movimentações em todo o mundo: Primavera Árabe, Indignados, 15-M, Occupy Wall Street, A revolta dos Pinguins chilenos são exemplos de movimentações que sacudiram o mundo recentemente. Para saber mais, confiram os endereços de sites abaixo: •Occupy Wall Street – Nova York e praças nas principais cidades do mundo •A revolta dos pingüins Chilenos Foto da ocupação dos Indignados espanhóis da Praça Puerto del Sol em Madri no ano de 2011. |
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