A participação enquanto processo educativo
Car@ Cursista,
Neste Eixo Temático, iremos discutir o tema juventude e participação e sua relação com educação e escola. Mas o que a participação dos jovens em grupos esportivos, culturais e religiosos ou a participação de jovens em movimentos sociais, ONGs, associações comunitárias e movimento estudantil pode nos dizer a respeito de educação e escola?
A noção de participação é ampla e diversa. Há vários sentidos para a palavra participação e várias formas de realizá-la. Em um sentido mais amplo, a participação nos remete a ideia de adesão das pessoas em agrupamentos produzidos nas variadas dimensões de organização da sociedade. Em um sentido mais estrito, a noção de participação nos remete à presença ativa dos cidadãos nos processos decisórios das sociedades. E essa noção tem a ver com a participação política ou participação cidadã.
Os espaços participativos podem ser espaços educativos privilegiados para a inserção e aprendizado da cidadania e dos valores democráticos. Dito isso, afirmamos que a experiência participativa é por sua própria natureza uma experiência educativa e formativa.
A experiência participativa representa uma das formas dos jovens vivenciarem processos de construção de pautas, projetos e ações coletivas. Além disso, a experiência participativa também é importante por permitir aos jovens vivenciarem valores como os da solidariedade e democracia e por permitir o aprendizado da alteridade, ou seja, aprender a respeitar, perceber e reconhecer o outro e suas diferenças. A participação pode ser então uma experiência muito importante na vida dos jovens - um efetivo contraponto - em uma sociedade que tende para o individualismo e o enfraquecimento das ideias, valores e práticas relacionadas à dimensão coletiva da vida social.
Essa dimensão educativa e formativa da participação pode propiciar aos jovens o desenvolvimento de habilidades discursivas, de convivência, de respeito às diferenças, de liderança etc. Um jovem, por exemplo, que participa do Grêmio Estudantil ou de uma Associação Comunitária ou de um Grupo de Hip Hop pode ser uma liderança positiva na sala de aula, desenvolver o aprendizado, escrever melhor, argumentar de forma mais clara etc. Nesse sentido, a participação pode ser entendida enquanto processo educativo que potencializa os processos de aprendizagem no interior da escola e contribui para os processos formativos dos jovens de maneira mais ampla. Vocês serão convidados a assumir uma atitude investigativa sobre as experiências de participação dos jovens alunos com os quais trabalham, bem como a estimular e potencializar espaços e experiências de participação dentro e fora da escola.
O objetivo deste eixo temático é refletir sobre as relações entre participação, escola, educação e juventudes. Esses são aspectos muito importantes quando se fala em formação para a vida e para a cidadania, para o processo de reformulação curricular e para o desenvolvimento de práticas educativas que almejem uma formação mais ampla e integral dos alunos. Nesse sentido, entendemos que conhecer as experiências e espaços de participação que os jovens constroem e as possibilidades de estímulo à participação no interior da escola é fundamental para que construamos uma escola e uma educação que objetive o aprofundamento dos valores democráticos e da cidadania. Neste eixo, teremos um fórum de discussão, propostas de observações e de reflexões e a atividade que comporá o mosaico.
Boa leitura e bom trabalho!
Conheça os autores: Igor Oliveiraé graduado em História pela UFMG, Mestre em educação pela UFMG e integrante do Observatório da Juventude. Catherine Hermont é graduada em Letras pela UFMG, Pós- graduada em arte-educação pela Universidade do Estado de Minas Gerais, Mestre em educação pela UFMG, professora da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte e integrante do Observatório da Juventude. |
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