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A cultura digital: importante dimensão das culturas juvenis

E o que as tecnologias da comunicação e informação (TIC’s) têm a ver com as culturas juvenis? É importante destacar que as possibilidades de interação e produção com as câmeras digitais, celulares, internet, ou seja, os produtos da chamada cultura digital são expressão e fazem parte das culturas juvenis.

Diante de recursos tecnológicos e digitais que possibilitam maneiras de ser visto na internet, no ciberespaço, os jovens compartilham maneiras de ser e conviver. A internet parece se aproximar com uma nova configuração da rua como espaço mais aberto e acessível para as manifestações juvenis.

Em Belo Horizonte, por exemplo, debaixo de um conhecido viaduto do centro da cidade, um grupo de jovens envolvidos com a cultura hip-hop realiza nas noites de sexta-feira, desde 2007, o "Duelo de MC’s". Muitas das apresentações que acontecem ali – o duelo entre rappers, a dança break, os grafites - podem ser vistas no youtube. 


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De maneira parecida, no vídeo abaixo vemos, em Belém do Pará, a apresentação do rapper RAPdura cantando “Norte Nordeste me veste”. As imagens do show são da festa de música negra - Black Soul Samba - que acontece toda sexta no Palafita, localizado no centro histórico da cidade.

 

 
 

As diversas redes sociais

O Orkut é um dos sites de relacionamentos mais popular no Brasil. Em definição do próprio site: “O orkut.com é um website de comunidade on-line projetado para amigos. O principal objetivo do nosso serviço é tornar a sua vida social, e dos seus amigos, mais ativa e estimulante”. Já as comunidades no Orkut são uma espécie de grupo de discussão, ou grupo de interesse em torno de determinado tema. O Facebook tem o mesmo tipo de configuração e é popular mundialmente. Em 2011, ele ultrapassou o Orkut no número de usuários brasileiros. Já o Myspace é um espaço predominantemente usado por grupos musicais e cantores, que possibilita, além da rede social, a disponibilização de músicas, agenda de shows etc. Os Fotologs se constituem num local de exibição de fotos. O youtube é um site que permite o compartilhamento de vídeos. Messenger ou MSN é um programa de mensagens instantâneas que permite conversas em tempo real. Pelas caixas de diálogo, os usuários podem, além de se comunicar teclando, compartilhar e visualizar fotos, trocar arquivos, conversar por voz (por microfone e câmera), dentre outros recursos. O Twitter é uma espécie de micro blog em que os usuários podem postar mensagens com até 130 caracteres. As contas estão interligadas e acompanha-se o conteúdo postado a partir de uma lógica dessa rede, que se expressa pelo aplicativo follow, por meio do qual é possível seguir todo o conteúdo publicado.

Redes Sociais por ano
 
 

Muitas produções do universo da cultura juvenil são compartilhadas na web. Há inúmeras possibilidades on-line de mostrar as produções coletivas dos jovens, espontâneas ou mais elaboradas: vídeos no Youtube, fotos no Facebook e Orkut, músicas e áudios no Myspace. Em diferentes condições socioeconômicas e geoespaciais, grupos juvenis bastante distintos estão interligados e integrados numa fórmula bastante comum referenciada em elementos da web. Amantes de mangás (histórias em quadrinhos japonesas) e animes (desenhos animados japoneses) que se caracterizam eventualmente como personagens dos desenhos têm a internet como ambiente essencial para trocas. Grupos góticos também referenciam sua rede de relações em locais particulares da web, configurando pedaços virtuaispara denominar espaços na rede mundial de computadores com códigos particulares compreendidos e partilhados entre os membros da cena gótica.

Dessa forma, em diferentes plataformas e redes sociais, os jovens vão criando comunidades, (re)afirmando seus grupos de identidade e amizades. São muito comuns também aquelas comunidades que reúnem alunos de uma mesma turma de escola, grupos de música, dança ou esporte. São inúmeras as possibilidades de recorte para a construção das comunidades. Na plataforma, podemos (re)configurar o social e aglutinar pessoas aliadas por uma variedade de grupos de status, qualidades, preferências e gostos, ou por comunidades de um indivíduo só.

Nesse caso, precisamos compreender as particularidades dos modelos de socialização juvenil na época presente. O que tanto fazem os jovens na internet? Como se constroem ali? A internet, suas plataformas e recursos podem servir como suportes para a vida juvenil?  Para responder a tudo isso, precisamos estar atentos às inúmeras possibilidades de comunicação no universo da cibercultura.

A intensificação e a extensão da presença e do uso das novas tecnologias da comunicação e informação na contemporaneidade têm configurado o que algumas/alguns teóricas/os denominam como “novo estado da cultura”, o qual é “caracterizado sobretudo por uma ampliação dos lugares em que nos informamos, em que de alguma forma aprendemos a viver, a sentir e a pensar sobre nós mesmos” (FISCHER, 1997, p. 62). A atual configuração social pode ser vista, então, como uma “paisagem da informação” e compreendida como uma “condição cultural específica” (GREEN; BIGUM, 2003, p. 209). Esse novo estado da cultura pode ser também denominado tecnocultura ou, no termo aqui adotado, cibercultura.

O nascimento de Jesus narrado através da internet, suas plataformas e redes sociais. Veja o interessante vídeo “A história do natal digital”


(Clique aqui para ver no Portal EMdiálogo)

Um verso de uma canção de Zeca Baleiro diz: “Acessando a internet, você chega ao coração da humanidade inteira, sem tirar os pés do chão”. A letra anuncia a potente força da rede mundial de computadores em estabelecer comunicação, obter e dar informações, inteirar e participar de acontecimentos de ordem local e mundial. Há muitos eventos e temas globais que mobilizam variadas manifestações na Internet. Desde candidaturas eleitorais, como a do atual presidente norte-americano Barack Obama em 2008, até os terremotos no Haiti em 2010, ou as recentes manifestações públicas no Egito pela saída do ditador Hosni Mubarak da presidência do país são exemplos de acontecimentos que movimentaram o universo on-line.

protestos políticos organizados pela internet

As vivências juvenis na web não são homogêneas e muito ainda precisa ser revelado sobre as dimensões da rede mundial de computadores, as experiências construídas na interação com esses espaços e os sentidos atribuídos pelos jovens usuários às vivências na web. Há múltiplas possibilidades de orientação da vida, em que o uso das tecnologias age sobre as ações. Sendo assim, é preciso estar atenta/o às apropriações juvenis e (re)significações dadas às tecnologias de informação e comunicação, nos aproximando das vivências juvenis cotidianas no ciberespaço. Símbolos compartilhados na rede de computadores geram significados minimamente partilhados e referenciam as atitudes e posturas das pessoas tanto quanto sinais e gestos do encontro físico.

Para diferenciar os encontros na internet e os encontros face a face, com as expressões online e offline, corre-se o risco de criar uma separação ou isolamento entre as duas experiências que não é adequada. Por outro lado, expressões como real e virtual também não se adequam na medida em que virtual pode ganhar o sentido de ilusório e essa é uma interpretação equivocada quando pensamos o entrelaçamento entre as vivências face a face e aquelas intermediadas por computadores.

O par real/virtual coloca em oposição esses termos. O que se verifica é que as interações ocorridas no universo dito virtual são bastante reais e, muitas vezes, se ajustam na sociabilidade face a face.