Curso Educação Integral e Integrada

Compreendendo as juventudes

Elaborar uma definição do que seja a juventude não é uma tarefa fácil. Isso porque, por um lado, há uma dificuldade de construir uma definição que consiga abranger a heterogeneidade do real e, por outro, é possível observar que algumas representações sobre esse segmento estão presentes no imaginário social, interferindo na sua compreensão. Contudo, segundo Abramo (1994), dentro dessas séries de imagens, é possível identificar algumas definições básicas e amplamente generalizadas.

A primeira imagem tende a apreender a juventude como uma etapa de transição, como um período de preparação para o ingresso na vida social adulta. Nesse sentido, por um lado, o jovem é apreendido pela sua negatividade, ou seja, é definido pelo que ainda não é e, por outro, pela indeterminação, representando um estado incerto, o qual não se é mais criança e, também, ainda não se é adulto.

Essa concepção está muito presente na escola: em nome do “vir a ser” do aluno, traduzido no diploma e nos possíveis projetos de futuro, tende-se a negar o presente vivido do jovem como espaço válido de formação, bem como as questões existenciais que eles expõem, bem mais amplas do que apenas o futuro. (CARRANO; DAYRELL, 02: 2002)

Outra imagem presente é a idéia de que a juventude está à margem da vida social, sendo um tempo de liberdade, de prazer e de comportamentos exóticos. Aliada a essa concepção, há a tendência em considerar a juventude como um período para o ensaio, para o erro e para as experimentações.

Outra atitude comum, nas tentativas de conceituação da juventude brasileira é considerá-la como uma fase de vida marcada por certa instabilidade decorrente de problemas sociais. Isto é, uma imagem da juventude sempre vinculada a um problema social.

Observa-se, então, que essas concepções são HOMOGENEIZADORAS porque assumem que os jovens têm características, valores, desejos, necessidades e condições de vida iguais fazendo com que, portanto, sejam homogêneos. Assim, são ESTIGMATIZADORAS, pois consideram que determinados estigmas sobre os jovens são inatas ou naturais, isto é, já nascem com eles e são comuns nessa fase da vida.

Nesse sentido, como afirma Dayrell (2003), é necessário que essas imagens sejam questionadas porque tendem a analisar e a compreender os jovens pelo que eles não são, ressaltando as características que lhes faltariam para corresponder a um determinado modelo de ser jovem. Dessa forma, não se consegue apreender os modos pelos quais os jovens, principalmente se forem das camadas populares, constroem as suas experiências como tais, muito menos apreender as suas demandas.

Essas concepções e imagens que construímos sobre os jovens e suas possibilidades de formação e de construção de projetos de vida são tratadas de maneira interessante nos vídeos “Juventude” e “Adolescência”, vamos assistir a eles?

 

 
 

Flashes de viagem

Vídeo “Juventude” - Programa Nota 10

Uma produção do Canal Futura, que, além de debater as imagens que contemporaneamente construímos sobre jovens, traz reflexões de especialistas acerca das relações do jovem com a escola.

Parte 1:

Parte 2:

Parte 3:

 

Vídeo “Adolescência”

Regina Casé insere-se na rotina de Armando, morador de uma comunidade marcada por vulnerabilidade social, no Rio de Janeiro, e discute com esse adolescente quais incômodos e quais benefícios o “ser adolescente” lhe proporciona. Esse vídeo também é uma produção do canal Futura.

Parte 1:

Parte 2:

Parte 3:

 
 

O que é ser JOVEM? O que é a JUVENTUDE?

Tomando como orientação as discussões propostas por diversos (as) autores (as), alguns pressupostos devem ser considerados, ao se analisarem questões ligadas às categorias de idade. Um primeiro aspecto é a compreensão que a juventude não é uma categoria natural, sendo, portanto, socialmente produzida. Nesse sentido, as representações sobre a juventude e a posição social que os jovens ocupam adquirem significados particulares em contextos históricos, sociais e culturais distintos. Abramo (1994) acrescenta que, em apenas algumas formações sociais, a juventude configura-se como um período destacado, como uma categoria com visibilidade social. Portanto, a compreensão dessa fase é socialmente variável, uma vez que a definição do tempo de duração, dos conteúdos e dos significados sociais desses processos apresenta variações entre as sociedades e segundo os grupos sociais de uma mesma sociedade.

Outro aspecto que deve ser considerado e relacionado ao anterior reside no fato de que as categorias de idade são construções históricas. Nessa perspectiva, as formas de periodização da vida e a definição de práticas relacionadas a cada período sofrem variações fundamentais no tempo. Sob essa perspectiva, Novaes (2006) ressalta que pensar a juventude brasileira contemporânea implica, por um lado, considerar a enorme diversidade contextual e sociocultural existente e, por outro, apreender as marcas geracionais comuns que caracterizam um determinado momento histórico.

 
 
O QUE SIGNIFICA SER JOVEM EM UM TEMPO DE:
- Trabalho restritivo e mutante;
- Multiplicação da violência tanto física quanto a simbólica;
- Evidentes riscos ecológicos;
 - Rápidas mudanças tecnológicas?
 
 

Nessa perspectiva, entendemos que é fundamental considerar, ao se pensar as idades da vida, as relações entre as dimensões históricas, culturais, sociais e biológicas, pois, se há características universais (dadas pelas transformações biológicas) que acontecem numa determinada fase, a forma como cada sociedade, em um momento histórico determinado, e no seu interior, cada grupo social representa e convive com essas transformações é muito diversificada, pois, em cada tempo e lugar, são muitas as juventudes.

Essa diversidade concretiza-se com base nas condições sociais (classes sociais), culturais (etnias, identidades religiosas, valores) e de gênero, e também das regiões geográficas, dentre outros aspectos. (DAYRELL, Juarez. 41: 2003.)

Nesses termos, compreendemos que a vivência da experiência juvenil tem um sentido em si mesmo, não sendo somente uma passagem para a vida adulta. Trata-se, portanto, de pensarmos a juventude desligada de critérios rígidos e fixos, como uma etapa da vida com um início e um fim predeterminados, mas como parte de um processo mais amplo de constituição de sujeitos, que tem especificidades que marcam a vida de cada um.

A questão posta é menos sobre a possibilidade ou impossibilidade de viver a juventude, e mais sobre os diferentes modos como tal condição é ou pode ser vivida.

 
 

Ultrapassando fronteiras

Para ampliar esse debate sugerimos:

1) a leitura do texto:

DAYRELL, Juarez T. A escola faz as juventudes. – Reflexões em torno da socialização juvenil. Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100, out. 2007.

2) a visita ao site:

- Observatório da juventude     http://www.fae.ufmg.br/objuventude/
O “Observatório da Juventude da UFMG”, iniciado em 2003, situa-se no contexto das políticas de ações afirmativas, apresentando uma proposta de extensão articulada com eventos de pesquisa e de ensino, em torno da temática educação, cultura e juventude. No site, vamos encontrar artigos, relatórios de pesquisa e sínteses de projetos desenvolvidos pelo grupo.

 
 

 

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